Enviado por Leonardo Brant •
julho 24, 2010 •
Extraído do site
http://www.culturaemercado.com.br/pontos-de-vista/gestor-cultural-o-profissional-do-futuro/
Estamos falando de um dos
mercados mais potentes do mundo e um dos que mais cresce e se revigora a cada
dia. De algo tão necessário ao ser humano como comer e respirar. De uma
atividade que dá sentido ao ser humano, significa sua vida e projeta seu
futuro.
Além dos mercados tradicionais,
supostamente em crise, como o cinema, a indústria fonográfica e editorial,
atropeladas pelo advento das tecnologias de informação e comunicação, surgem a
cada dia novas formas de significar a presença do ser humano na Terra, de criar
utopias, planos de futuro, ou simplesmente de amenizar o sofrimento de quem
ainda não encontrou sua autonomia em relação ao próprio imaginário.
Os códigos culturais antes
dominados por impérios, igrejas, estados autoritários e grandes corporações
estão cada vez mais ao alcance de todos nós. A teia que se forma em torno dos
elementos culturais, diversos, controversos, livres, colaborativos e, ao mesmo
tempo, controlados, sistematizados, formatados, lineares, é cada vez mais
complexa. Exigem dos terráqueos contemporâneos uma capacidade de decodificação,
síntese e diálogo constantes.
O gestor cultural se habilita a
esse exercício constante, com um diálogo permanente entre as formas mais
lineares e alienantes do conhecimento e as mais revolucionárias maneiras de
criação e conexão com os universos paralelos do sentido. Um diálogo que
possibilita, ao mesmo, implodir e reforçar os sistemas estabelecidos de poder.
Um profissional detentor de uma
chave mestra, capaz de promover a livre expressão e arbítrio, e de revelar os
sistemas de cerceamento de conhecimento, opinião e expressão, aptos a afugentar
os medíocres, robotizando-os em lógicas binárias e sistemas bancários.
Antes de qualquer coisa, um
profissional pautado pela ética. Não necessariamente pautado pelo bem, mas um
bom conhecedor do mal que há dentro de si.
Algumas características são
marcantes nesse profissional, que ganha espaço a cada dia não somente nos
mercados tradicionais de cultura e comunicação, mas em várias esferas da
sociedade. São elas:
A constante reflexão em relação a
tudo o que faz.
Alto poder de aplicabilidade daquilo que pensa naquilo que faz.
Participa da vida política, articula e trabalha em rede.
É familiarizado com a língua e a lógica do mercado.
Subverte a lógica do mercado, propondo novas formas de superação.
É empreendedor e criativo.
É claro que estou idealizando este profissional, mas ao mesmo tempo reconheço-o
em corpo presente nos corredores dos inúmeros empreendimentos culturais com que
tenho contato pelo Brasil e pelo mundo afora.
Alguém que, como o artista, se prepara como
nenhum outro para lidar com as incertezas de um tempo que colhe os frutos do
desenvolvimento tecnológico e da ciência, mas ao mesmo tempo paga a conta da
irresponsabilidade para com seus pares, seu planeta e com a vida.